As instalações isoladas da rede ocupam um dos âmbitos de utilização mais importantes no setor das energias renováveis. Seja pelo difícil acesso à rede pública no local da instalação ou com o objetivo de autoconsumir de forma autónoma 100% da energia gerada, o cliente pode optar por criar uma instalação totalmente independente da rede elétrica.
Na altura de dimensionar uma instalação isolada, temos de ter em conta aspetos diferentes, mas nesta ocasião vamos centrar-nos em saber distinguir quando convém selecionar entre um regulador MPPT (acoplamento CC) ou um inversor de rede (acoplamento CA) para aproveitar o nosso campo fotovoltaico.
Neste caso, os módulos fotovoltaicos estarão ligados a um regulador da carga MPPT, que se encarregará de extrair dos mesmos o seu ponto de máxima potência em relação às condições de irradiação e temperatura que existam nesse momento. Ao efetuar o acoplamento no circuito de CC da nossa instalação, a energia gerada não sofrerá qualquer tipo de transformação na altura de transferir o excedente para a bateria e será diretamente carregada na corrente contínua, aumentando assim a sua eficiência na carga.
Por este motivo, este tipo de abordagem é preferível para pequenas instalações ou quando o consumo maioritário ocorrerá no período noturno, visto que armazenamos a energia em CC durante o dia para a transformar em CA durante a noite através do inversor carregado.
Se falarmos das desvantagens mais comuns, poderíamos destacar principalmente a impossibilidade de realizar strings de mais de 5 módulos, no melhor dos casos. De igual modo, a obrigatoriedade de necessitar de caixas de ligação para realizar paralelos, aumentando assim a amperagem do circuito de CC e, portanto, a necessidade de investir em secções de cablagem de maior dimensão.
Nesta abordagem, os módulos fotovoltaicos são conectados a um inversor de rede e o inversor/carregador é responsável por gerar a tensão em CA necessária para que o inversor de rede possa ser sincronizado e entrar em funcionamento para produzir energia a partir do campo fotovoltaico.
A energia gerada na corrente alternada vai abastecer diretamente os nossos consumos sem sofrer qualquer tipo de transformação. Assim, este tipo de abordagem é muito recomendável quando a procura do nosso sistema isolado ocorre, principalmente, durante o dia. Como vantagem, importa também destacar que um inversor de rede nos permite criar cadeias de strings mais largas ou usar seguidores MPPT diferentes do mesmo, podendo aproveitar assim diferentes orientações ou inclinações do nosso telhado.
Como desvantagens, importa destacar a obrigatoriedade de ter de transformar a corrente de CA em CC para carregar a bateria, o que implica uma pequena perda de eficiência. Por outro lado, o preço de um inversor de rede é algo superior que o de um regulador quando falamos de potências até aos 10 kW.
Como detalhes, importa indicar que a configuração dos equipamentos para fazer funcionar esta abordagem pode ser algo mais complexa, visto que é necessário configurar tanto o carregador como o inversor para que realizem a modulação por frequência assim que a bateria estiver a chegar a 100%.
Este processo denominado de “Frequency Shift” é o causador do inversor carregador aumentar a frequência da rede que gera em alterna ao detetar que a bateria está perto de terminar a carga. Desta forma, ao aumentar a frequência do sistema, o inversor de rede interpreta-o como um excesso de potência e reduz a sua corrente injetada. Estes níveis de modulação costumam situar-se entre os 50,2 e os 53 Hz. Assim, evita-se que a bateria receba uma amperagem de carga elevada quando se encontra na fase de flutuação e prolonga-se a vida útil da mesma.
Outra opção consistiria em efetuar uma abordagem híbrida na qual possamos gerir parte dos nossos módulos fotovoltaicos através de um regulador e a outra parte através de um inversor de rede. Isto permite-nos prescindir do grupo eletrógeno em caso de descarga profunda, visto que garantimos que o regulador se encarrega de carregar a nossa bateria em CC no momento em que as condições de irradiação sejam favoráveis. Esta abordagem é muito utlizada em instalações off-grid de maior dimensão.
Em conclusão, podemos abordar o nosso sistema isolado de formas diferentes e adaptá-lo da melhor forma possível às características da nossa instalação e ao nosso consumo. Dando prioridade à carga da bateria para sua utilização durante a noite ou, pelo contrário, dando prioridade ao consumo diurno e utilizando o excedente para carregar a bateria. Também é possível, como vimos, uma fusão entre ambas as abordagens. São possíveis diferentes opções, tendo sempre em conta todos esses aspetos importantes para não cometer erros durante a fase de conceção e durante a colocação em funcionamento.